quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ciência pebenista - Sessão Recuerdos VII

(publicado em novembro de 2002)

Pesquisa divulgada pela Veja on-line, edição 1762, de 31 de julho de 2002, mostra que 80% dos votantes brasileiros (93 milhões de eleitores) é "composto de brasileiros que se situam entre a classe média baixa e os pobres". Desse eleitorado, "metade nunca lê jornais nem revistas e quase todos têm a televisão como principal, se não única, fonte de informação. (...) Os mais pobres, para citar outra diferença importante, colhem suas informações principalmente na televisão, que tem sido cada vez mais fonte de entretenimento que propriamente fonte de informação".

Ciente disso, o PBN, ao tomar o poder, estampará anúncios não explícitos de suas intenções e conduta nos principais telejornais e telenovelas do país, contratará publicitários, ídolos, "astros e estrelas" de programas televisivos, para a forjadura da maior campanha de entretenimento político da história nacional. E a exemplo dos últimos governos do estado de São Paulo, também manterá a possibilidade de conclusão do ensino fundamental independente do conhecimento da escrita, esse cacareco obsoleto frente ao showbusiness da baixaria.

Bordão pebenista, a grande imprensa também sempre será Chapa Branca.

A mesma reportagem da Veja que publicou o perfil do eleitorado brasileiro contava com o seguinte trecho:

"Entre o núcleo mais numeroso do eleitorado, quase ninguém paga imposto de renda. Entre os eleitores das classes mais abastadas, esse número é expressivo – e isso, naturalmente, provoca uma postura diversa diante do governo e, sobretudo, define um nível distinto de cobrança sobre o destino do dinheiro que, saindo do bolso privado do cidadão, vira público ao entrar no Erário".

Ciente disso, o PBN, ao tomar o poder, obrigará todos os cidadãos a pagar impostos, para então possibilitar um melhor nível de cobrança sobre o destino do dinheiro público e provocar uma postura diante do governo digna de um cidadão da alta classe, essa minoria tão discriminada.


"Ufa, demorou!"


O trecho a seguir é de texto de Emir Sader, publicado no sítio da Agência Carta Maior, de 17 de setembro de 2002:

"O fato de mais de dez milhões de pessoas terem participado no plebiscito popular sobre a Alca tem um profundo significado cívico e político. Demonstra que quando as pessoas são convocadas a votar sobre um tema de seu interesse, em que recebem a informação adequada, em que se sentem participantes de um processo político, o interesse pela política pode ser muito mais extenso e profundo que se pensa. Demonstra que quando a convocação assume um caráter popular, quando os temas postos em discussão são compreendidos como essenciais, as pessoas participam, mesmo não havendo nenhuma obrigação de participar, mesmo se tratando de uma convocação de movimentos sociais, de entidades civis e populares".

O resultado do plebiscito foi entregue oficialmente no dia 17 de setembro a representantes do governo federal, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. No senado, Ramez Tebet (senador do PMDB-MS) não recebeu os organizadores do plebiscito. A tevê Globo também não noticiou o ato.


(publicado em novembro de 2002)

P.S.: Aliás, ao contrário da idéia que a revista Veja tenta vender, de acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), "Pobres pagam mais imposto que os ricos no Brasil" (clique aqui para dar uma fuçada).

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